O governo federal anunciou na última quarta-feira (27) um pacote de medidas visando a redução de gastos públicos. Entre as mudanças mais significativas estão as novas regras para o programa Bolsa Família, que terão impacto direto na vida de milhões de brasileiros. A principal proposta é a obrigatoriedade do cadastro biométrico para todos os beneficiários e regras mais rígidas para as famílias de uma única pessoa. A seguir, veja as medidas anunciadas e seus possíveis impactos.
Objetivo dos cortes
O governo tem como objetivo principal saneamento fiscal e controle de gastos públicos, com previsão de economia significativa para os cofres do governo federal. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a implementação dessas mudanças visa gerar uma economia de R$ 2 bilhões em 2025 e R$ 3 bilhões ao ano entre 2026 e 2030.
As mudanças no Bolsa Família fazem parte de um esforço maior para reorganizar e racionalizar os grandes programas sociais do governo. A medida inclui a revisão dos cadastros e a implementação de novas exigências, visando aumentar a eficiência e diminuir os custos.
Cadastro biométrico obrigatório
Uma das principais medidas propostas pelo governo é a obrigatoriedade do cadastro biométrico para todos os beneficiários do Bolsa Família, assim como para os participantes de outros programas sociais do governo. Segundo Fernando Haddad, todos os beneficiários terão que passar pela biometria, o que permitirá um acompanhamento mais rigoroso e constante dos cadastros.
Esse recadastramento biométrico visa evitar fraudes, identificar e corrigir inconsistências no sistema, além de facilitar o controle e monitoramento da situação dos beneficiários de forma mais eficiente. O governo também promete encurtar os prazos de recadastramento, tornando o processo de atualização mais constante e regular.
Atualização de cadastros desatualizados
Além da biometria obrigatória, uma das mudanças que afeta diretamente as famílias já cadastradas no Bolsa Família é a exigência de atualização de cadastros desatualizados há mais de dois anos. A medida tem como objetivo garantir que os dados dos beneficiários estejam sempre atualizados, evitando que pessoas que não atendem mais aos critérios do programa continuem recebendo benefícios.
Essa medida também faz parte de uma estratégia para aumentar a eficiência e reduzir possíveis erros nos repasses de recursos, bem como garantir que os recursos do programa sejam direcionados para quem realmente precisa.
Mudanças nas regras para famílias de uma única pessoa
Outro ponto importante das novas regras é a imposição de regras mais rigorosas para beneficiários que pertencem a famílias de uma única pessoa. O governo identificou que um número crescente de pessoas tem se cadastrado no Bolsa Família como famílias unipessoais, o que tem gerado preocupações em relação ao uso adequado dos recursos públicos.
De acordo com as novas regras, o limite de famílias unipessoais por município será de 16%, ou seja, as cidades não poderão ter mais de 16% de suas famílias compostas por uma única pessoa inscrita no programa. Caso esse limite seja ultrapassado, haverá a necessidade de uma justificativa robusta para a inclusão ou manutenção dessas famílias no Bolsa Família.
Exceções para famílias unipessoais
Mesmo com a imposição do limite de 16%, o governo permite exceções para famílias unipessoais que se enquadrem em situações específicas, como:
- Risco de insegurança alimentar: Famílias em situação de vulnerabilidade extrema, onde o único membro da família está em risco de não ter acesso a alimentos suficientes para a sobrevivência.
- Situação de violação de direitos: Casos em que o único membro da família se encontra em situação de abuso ou violação de direitos humanos, como violência doméstica ou trabalho infantil.
- Entrevista em domicílio: Para famílias unipessoais em que a inscrição ou atualização cadastral tenha sido realizada por meio de entrevista domiciliar registrada no Cadastro Único.
Essas exceções buscam garantir que as famílias realmente vulneráveis possam continuar recebendo o benefício, mesmo que se enquadrem em um número relativamente pequeno de casos.
Implementação das mudanças
As mudanças propostas pelo governo ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional, por meio de um projeto de lei. Para que as novas regras entrem em vigor, o projeto precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Caso o projeto seja aprovado, a expectativa é de que as novas regras comecem a valer a partir de 2025, com a implementação das medidas de recadastramento biométrico e a atualização de cadastros.